A Minha Promessa


Hoje somos convidados... todos... sim... tu também... a renovar a nossa promessa. Aquela que já assumimos ou aquela que iremos assumir amanhã. Seja de escuteiro, seja vocacional, de alguém que está casado e prometeu viver fiel a esse amor… a todos nos toca este compromisso de fidelidade... Não podemos escapar a ele ou desculparmo-nos com o tempo. A promessa não se liga e desliga consoante o cenário em que estamos. E hoje, fazer todo o possível, não exige que nos dêmos um bocadinho... exige que nos dêmos inteiramente a esse fazer, a esse possível como BP insistia que deveríamos ser capazes.

Fazer todo o possível, é sermos capazes de arranjar tempo para os nossos amigos, para a nossa família - os nossos pais, os nossos filhos - e também para nós próprios. É ter consciência que o tempo não passa… verdadeiramente, fica! É um tempo de estar, de conversar, de aconselhar, de brincar… É um tempo que não se perde nem se ganha, mas que se dá e ao mesmo tempo se recebe. É um tempo sem tempo, sem limitações.

Fazer todo o possível é sermos decididos no caminho a tomar. É não ficar à espera que decidam por nós, é não nos deixarmos influenciar pelas decisões dos outros mas termos a coragem de avançar, de optar, de definir o meu caminho na certeza e consciência de o ter como certo, com a ajuda de Deus. Fazer por sermos decididos porque é a nós que cabe essa decisão. E essa decisão é sempre possível se acreditarmos que nos indica a via tomar.

Fazer todo o possível é trazer nos nossos olhos a alegria e não apenas na boca. Só quando se manifesta a alegria na nossa alma, podemos contagiar essa alegria de viver aos outros mesmo na adversidade. O riso, uma gargalhada não se desenham com os lábios mas nascem muito antes dentro do nosso coração. Temos, ainda muita alegria a descobrir na simplicidade na humildade, na pobreza material ou na grandeza da inocência e para lá devem caminhar os nossos corações.

Fazer todo o possível por entregar a nossa vida nas mãos de Deus, em oração. Fazer com que tudo na nossa vida seja oração. Não só pelo que fazemos, não só pelo que pedimos para os nossos testes, pelos que estão doentes, para o emprego que custa a arranjar, para um caminho da vida difícil a descobrir, mas devemos, também, guardar momentos de oração para agradecer tudo de bom que nos acontece e aos outros. Na oração podemos descobrir uma força inigualável para remover os im’s e acreditar nos possíveis.

Fazer todo o possível por estar atento ao que é importante... as pessoas que nos rodeiam e requerem a nossa atenção. Tomar atenção com a nossa saúde, com o nosso equilíbrio exterior e interior. Estar atento é estar alerta, é estar preparado, hoje, agora.

Fazer todo possível por procurar escolher o que é melhor para nós e não o que é mais fácil, o que nos conduz a algum lado e não a um beco sem saída, o que nos pode valorizar e não aquilo que desperdiça os nossos recursos... As nossas escolhas determinam a nossa história e quando olhamos para trás, devemos sempre chegar orgulharmo-nos delas. Escolher, serena e conscientemente, é estar a investir no nosso futuro.

Fazer todo o possível por ajudar quem está ao nosso lado a precisar de nós. Seja a atravessar a rua, seja em casa a arrumar o quarto, seja a explicar, seja a construir, seja a desabafar,... por todo o lado estamos rodeados de pessoas que precisam de ajuda e que tem essa necessidade desenhada no rosto. Apenas temos de saber ver, olhar profundamente... A B.A. não deve ser uma obrigação mas uma necessidade, um vício saudável de distribuir felicidade.

Fazer todo o possível por ser como S. Francisco de Assis... um construtor da Paz. Ser capaz de manter a calma, preservar a paciência mesmo quando tudo parece acelerar em direcção a um mundo desfiado, rasgado dessa paz. Temos uma grande responsabilidade como empreendedores de um mundo pacífico, não um mundo redondo e azul mas naquele mundo que está ao alcance dos teus gestos, das tuas palavras.

Fazer todo o possível é estar solidariamente atento àqueles que esperam que nós estejamos com eles, muitas vezes para lhes estender a nossa mão e fazê-los levantar para o conforto, para o calor da nossa companhia, outras vezes para fazê-los sentir a alegria do nosso coração com um abraço profundo, ou ainda pensando neles em espírito, levando, pelos canais que nos transcendem, a força da nossa oração.

Fazer todo o possível por perdoar, mesmo quando tal nos parece impossível, quando esquecer parece inalcançável, quando amar, pode parecer utopia... É isso mesmo perdoar, não é quando já nos esquecemos da dor ou quando as arranhadelas na pele já cicatrizaram. Quando a dor interior nos torce a alma e somos capazes de perdoar, há uma descarga de amor em cima dos outros que é impossível de lhe resistir.

Fazer todo o possível é escalarmos a montanha na ânsia de contemplar o horizonte a perder de vista, é acreditar ser capaz de rebentar a caixa escura em que vivemos para contemplar o sol, é deixarmos que todo o nosso ser interior, ande, trepe, suba, muito à frente do nosso ser exterior pois contempla um horizonte muito mais vasto que fisicamente conseguimos vislumbrar.

Fazer todo o possível por me renovar continuamente, como a água de um rio sobre as pedras, sobre os ervas… Fazer por não me deixar ficar parado, por estar sempre a crescer interiormente muito para além das minhas pernas, dos meus braços, da minha cabeça como se tal fosse de facto possível estendermo-nos para lá da alma e da pele.

Fazer todo possível por… não é fazer promessas de palavras. Apenas temos necessidade de as dizer para nos responsabilizarmos por aquilo que devemos estar a dizer no nosso interior. A verdadeira promessa é silenciosa, é feita entre nós e Deus não precisaria de palavras. Por isso esta promessa é tão diferente das outras impostas que se dizem depressa. Esta é uma promessa livre, auto-proposta, pessoal, que não espera agradecimentos mas apenas a felicidade de a ver cumprida nos outros. Esta é a minha promessa. É minha... e amo-a!!!

Vigília de S. Jorge|5maio2007

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