Numa altura em que se discute que caminhos se pensa que farão sentido para o CNE na próxima dezena de anos, vale a pena lembrar, o que o CNE, há 20 anos, pensava do caminho que hoje estaríamos a percorrer…
Estávamos em 1987, e, curiosamente, na capa da Flor de Lis de Janeiro, podia-se ler “ask the boy”…
“Uma Proposta Educativa adaptada aos novos tempos.
No ano 2000, o CNE continuará a propor aos jovens uma auto-educação baseada nos mesmos elementos fundamentais que propõe hoje em dia, convicto de que estes se manterão tão valiosos como hoje, senão, ainda mais.
As suas propostas educativas reforçarão assim uma pedagogia dos valores, como garante de um campo de referências indispensáveis num universo em mutação contínua e acelerada.
Estas propostas educativas irão no sentido de uma educação para a autonomia, para a responsabilidade, para a iniciativa, para o anti-consumismo, enquanto antídotos contra o seguidismo, a apatia e a acomodação.
Estas propostas educativas promoverão também uma valorização de toda a relação baseada no diálogo, no respeito e no amor. Os riscos acrescidos de individualismo e de isolamento exigirão uma educação na e para a relação, promotora de atitudes e de aptidões que tornem mais verdadeira e mais profunda a relação homem-mulher, que reinventem a família como célula-base do relacionamento humano. Concomitantemente, esta maior atenção à relação e à comunicação permitirá ao CNE valorizar ainda mais a sua proposta de educação internacional, e também desenvolver um empenho mais activo e mais respeitado em relação aos grandes políticos e sociais. O CNE do ano 2000 valorizará igualmente uma pedagogia do ambiente empenhando-se mais esclarecidamente na promoção de uma melhor qualidade de vida.
Toda esta pedagogia dos valores procurará tirar partidos das vastas possibilidades de desenvolvimento pessoal geradas pelos novos instrumentos tecnológicos, e pelo seu impacto na organização da sociedade, erguendo-se ao mesmo tempo contra os riscos de desumanização associados a esses instrumentos e às transformações sociais induzidos por eles.
Por último, o CNE do ano 2000 continuará a propor uma Pedagogia da Fé e de redescoberta da Religião como dimensão unificadora da experiência humana e do encontro do homem com Deus.
Métodos educativos: humanizar as tecnologias.
No CNE do ano 2000, os pequenos grupos e a tomada de decisões em Conselho continuarão a ser formas de combater a tendência para o individualismo, o isolamento, a não relação, a recusa da responsabilidade.
A auto-educação permanecerá um elemento fundamental, através de métodos que encorajem o jovem a tomar, pôr em prática, e avaliar as suas próprias decisões.
O CNE do ano 2000 estará em muito maior interacção com a família e a comunidade envolvente, recorrendo, sistematicamente a ambas na condução das suas acções educativas.
Para pôr em prática os seus métodos educativos, o CNE do ano 2000 não hesitará em utilizar a panóplia de novos instrumentos tecnológicos como a informática e as telecomunicações enquanto meios educativos, sempre que estes não impliquem uma desumanização da relação educativa.
Organização: descentralização, flexibilidade, eficácia
O CNE do ano 2000 será uma organização muito mais flexível e descentralizada, onde o nível nacional desempenhará essencialmente funções de coordenação, de representação e de recolha e difusão de informações.
Os órgãos executivos dos níveis nacional e regional disporão de uma maior operacionalidade, baseada no recurso a um corpo de profissionais e a novas tecnologias como a burótica e a telemática.”
in: Flor de Lis Nº926 - Janeiro 1987
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