Abnegação


"Um jovem escuteiro de 15 anos impediu o presidente das Maldivas de ser assasinado. O escuteiro impediu que um indivíduo com uma arma branca, que irrompeu de uma multidão, atingisse o presidente, retirando-lhe a arma e ficando ferido." :: Tradução livre

(ir)Responsabilidade




Uma notícia publicada pelo Diário de Notícias (DN) indicava a acusação por parte do Ministério Público de um crime de homicídio por negligência grosseira a 5 escuteiros espanhóis.
Tudo aconteceu num raid em Sesimbra, em Agosto de 2005, onde uma criança (explorador dos escuteiros espanhóis) de 13 anos morreu por desidratação.

Citando o DN: "Segundo o MP, a morte resultou do "desenvolvimento de um quadro de exaustão física associada à
exposição ao calor", e não por morte súbita, como se chegou a pensar, tendo os responsáveis "agido
com desrespeito pelas mais elementares regras de prudência". As crianças foram obrigadas a
caminhar debaixo do sol e quase sem água. Algumas, praticamente desidratadas, foram socorridas
por populares, refere o MP."

É certo que acidentes acontecem mas há acidentes e acidentes... deixar chegar ao ponto de desidratação extrema (causa provável da morte) não pode ser considerado "um acidente". Uma das regras básicas de qualquer caminhada é a presença de ÁGUA. Este é um elemento fundamental a ser utilizado regularmente em qualquer actividade de exterior. Ainda para mais em Agosto.... ao Sol....

Um acidente no decorrer de uma actividade pode ser por puro azar, má sorte, ou o que quiserem chamar (em casos onde não há negligência expressa), mas deixar um elemento morrer por falta de água acho que se pode chamar de irresponsabilidade. Os dirigentes em causa seriam capazes de desempenhar a função para a qual foram nomeados?

Seria uma simples caminhada inserida num acampamento escutista uma actividade de risco? Quando não são tomadas as devidas precauções, todas as actividades passam a ser de risco. Mas por falta de água? Seria motivo válido? Seria de todo impossível o transporte de água potável durante a caminhada?

Um dirigente deve ponderar sempre todos os percalços que podem ocorrer durante uma actividade e assegurar que tem os elementos básico em caso de necessidade. Um deles é, sem qualquer dúvida, a Água. É uma morte estúpida perfeitamente evitável. E não era preciso nada de extraordinário, bastava uma garrafa de água, um cantil... Não será o cantil um elemento necessário, individualmente, num raid?

Entrevista ao Chefe do Agrupamento 123 S. José de Ribamar na Rádio Mar sobre os 50 anos do Agrupamento.



Ouro em alta... :)




Apesar de estarmos sensivelmente a meio das comemorações do cinquentenário do agrupamento 123 de S. José de Ribamar, esta segunda jornada será a mais intensa em actividades. Por diversas razões, a visibilidade destes 50 anos começará agora a fazer-se mais presente e uma das faces com mais destaque é a imagem de marca destes festejos.
O logótipo escolhido para este 50º aniversário do Agrupamento encontra na tradição jubilar de celebrar as bodas de ouro o seu maior sentido. Dessa forma, a simbologia é a de uma pepita de ouro na qual está gravada toda esta vida do agrupamento de S. José. Esta vida foi feita de dezenas de outras vidas que passaram pelas diversas secções e que estão no centro de tudo o que se fez e se continua ainda a fazer.
A imagem de S. José com o Menino ao colo recorda-nos o nosso patrono, um patrono que é também nosso pai adoptivo e que nos tem ajudado a crecer ao longo do tempo como aconteceu com Jesus nos seus primeiros anos de vida. Neste Jesus pequenino, encontramos o amrelo, cor dos lobitos, também eles os mais pequenos e que no nosso movimento ainda precisam muito de alguém mais velho para os ensinar a caminhar. É na II secção, a cor verde, que o escutismo se aproxima mais à sua genese, em que se forma mais nas nossas cabeças, o misticismo da vida ao ar livre. Nos pioneiros, esta vivência atinge os extremos da sua radicalidade, da audácia de que os nossos braços apontem um destino bem mais longe - a vara, desempenha neste propósito um papel fundamental para se vencer montanhas. Mas tal como S. José, que teve de fugir da sua terra, é na IV que se percebe que a nossa vida é uma jornada peregrina onde não temos morada permanente - o caminho constitui um elemento essencial nesta perspectiva nómada de vivência do escutismo.
Finalmente, aqueles que dão corpo e são modelos de geração de oportunidades a que este crescimento tenha lugar representam toda a fraternidade escutista que nos faz crescer... os dirigentes, os outros escuteiros que conhecemos ou que, mesmo sem conhecer, tratamos por irmãos, e mesmo amigos ou familiares que partilham connosco esta vivência especial de convívio com a natureza.
Para além da predominância do ouro em todo este simbolismo, existe ainda o branco nalguns elementos, sinal de que esta não é, nem nunca será, uma obra acabada. estaremos continuamente a construir algo mais, algo melhor e por muito alerta que estejamos, temos por certo que poderemos ir mais além.


O imaginário é, sem sombra de dúvida, uma das melhores formas de integração e de vivência numa actividade, projecto, ....
Neste passado fim-de-semana decorreu em S. Jacinto, Aveiro, um encontro de todas as equipas nacionais em funções no CNE. O imaginário escolhido foi a "Apis Mellifera", a vulgar abelha europeia. Que melhor exemplo há, na Natureza que está bem próxima de nós, que a Abelha? Este pequeno animal é o verdadeiro exemplo daquilo que deve ser o trabalho em equipa, a organização sectorial e hierarquizada.
A aplicação do imaginário a um grupo de adultos resulta talvez melhor até do que nas actividades das secções.
Fui um momento único ver todos os dirigentes actualmente responsáveis por orientar o caminho do CNE, durante o Fogo de Conselho, a falar com "Bzzz Bzzz". A prova de que não há idades, estruturas ou hierarquias onde um bom imaginário não funcione...

Mais uma prova da utilização de imaginários no nosso dia-a-dia de escuteiros ser fundamental... 
Não é apenas um "capricho", é antes a base de toda uma vivência escutista, a essência do próprio escutismo... Jogar e aprender fazendo... onde o imaginário encontra um papel importantíssimo no sucesso de uma actividade.


'Eco's do dia de B.P.

Baden Powell, quando semeou o escutismo, fê-lo, precisamente, onde ele teria condições para se desenvolver espontâneamente: bem no seio da natureza. Brownsea, seria certamente um local onde isso acontecia, mas mesmo mais do que isso, um símbolo dessa natureza protegida por uma barreira natural que é o rio.Daí, que falar em ambiente, em ecosistemas... no dia em que se celebra o seu nascimento, é uma forma perfeitamente aceitável para recordar a sua vida e a grande causa que a animou ao longo dos seus 87 anos de vida.O mote deixado no passado dia 22 foi uma imagem sobejamente conhecida do Escutismo para rapazes, que motivou diversos trabalhos passando pelos lobitos, exploradores e caminheiros.


«Evocando mais um aniversário do nascimento do fundador, o tema proposto (a nível de Agrupamento) para as celebrações deste ano foi o ambiente. E enquanto as outras secções se centraram em temas como a reciclagem e o aproveitamento de recursos, o Clã optou por algo mais adequado à sua faixa etária: ‘desenvolvimento sustentável e energias renováveis’. Para isso seguimos em visita às explorações de caulino em Barqueiros (Barcelos) [foto>] e à central marmotriz de Aguçadoura (ainda em fase embrionária) [foto>], e fizemos ainda referência aos campos masseira.
O caulino é uma espécie de barro fino, que se extrai do subsolo a poucos metros de profundidade, muito apreciado no fabrico de porcelanas, e por isso com algum valor de mercado. Na zona podemos encontrar numerosos terrenos de exploração, de variadas dimensões. E falando em caulino, vem imediatamente à memória (pelo menos dos mais velhos) os incidentes ocorridos neste mesmo local há quase duas décadas, à data largamente noticiados na comunicação social. Relembrando o que então aconteceu: as prospecções descobriram que a concentração de caulino era especialmente elevada no centro da localidade, nos terrenos onde fica a igreja, tornando particularmente apetecível a sua exploração. A empresa concorreu ao negócio e convenceu a Câmara, que assim autorizou o avanço das máquinas de demolição. Mas a população insurgiu-se, em defesa dos seus lares, da sua vila e da sua igreja. No dia em que se deveria proceder à demolição, a população juntou-se no meio da estrada e barrou intencionalmente a passagem dos bulldozers, além de terem começado a arremessar as pedras da calçada no intuito de os dissuadir de vez. Dos confrontos com a GNR, que teve de aparecer para sossegar os ânimos, resultou um morto, e depois da polémica assim acirrada a decisão acabou por ser revertida: não chegou a haver demolição alguma. Agora, com nova adjudicação polémica, corre-se o risco de tudo acontecer outra vez.
Este caso (e muitos outros se poderiam arranjar partindo por aí fora …) é justamente um bom exemplo do que não é desenvolvimento sustentável. Destrói-se a vila, escorraçam-se as pessoas … para explorar um minério não-renovável, que passados poucos anos se esgota no local. E depois? O caulino acaba-se, a empresa procura mais verdes pastagens, os empregos desaparecem, o terreno fica desfigurado e inaproveitável e torna-se impossível restabelecer a vida anterior. É um bom negócio, sem dúvida, pelo menos durante alguns anos. Mas não é certamente desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável é aquele cuja finalidade é a satisfação das necessidades do presente, mas sem comprometer as necessidades futuras, impondo limites e regras na utilização dos recursos por forma a não degradar o ambiente nem provocar o seu esgotamento. Quando a qualidade e a sustentabilidade não estão garantidas nem se deveria falar de desenvolvimento. Alcançar o desenvolvimento sustentável não significa deixar de crescer, mas crescer melhor. O que só se consegue com medidas concretas que alterem a forma como se utilizam os recursos e como se aproveitam as oportunidades.
O caso do caulino é exemplo de como o predadorismo do lucro fácil veio invadir a vida tranquila de uma comunidade há muito instalada. Mas é também muito frequente o inverso, ou seja, serem as habitações a invadirem o que não devem – terrenos protegidos ou zonas onde a construção não é viável nem sustentável.
A costa da Apúlia, aqui bem perto, é disso um bom exemplo … nem é preciso falar da costa algarvia. Em tempos bem recentes proliferaram todo o tipo de habitações (incluindo gigantescas torres) ao longo da costa, dunas adentro, muitas coladas ao mar. E o loteamento selvagem onde antes era pinhal praticamente eliminou o verde num sítio outrora densamente arborizado. Casas junto ao mar … tão românticas … e tão instáveis! Passado algum tempo, muitas vezes em vida dos proprietários originais, o mar erode a costa, e com ela os alicerces da casa e a própria casa em seguida. E depois todos clamam ‘aqui d’El Rei’, exigindo ‘indemnizações’ e ‘soluções’. Porque não pensaram nisso antes?
Também o caso das recentes inundações na AM de Lisboa tem muito que ver com isto. A chuva nem sequer foi muita e não durou mais de um dia. A diferença é que a construção e o asfalto por todo o lado não deixam espaço para o solo absorver a água que cai. Mas a água tem de escorrer por algum lado. E aí vai ela, pelas nossas estradas a dentro, alagando pelo caminho os nossos passeios, os nossos carros, os nossos estabelecimentos e as nossas casas. Um bom exemplo de um estrago causado exclusivamente pelo Homem. Ambos os casos são bons exemplos de desenvolvimento insustentável.
O que podemos fazer? Muita coisa. A começar pelas energias renováveis. A maior utilização de energias a partir de fontes renováveis – sol, água, vento, biomassa, geotérmica, etc., em conjunto com uma maior eficiência energética reduziria os níveis de consumo das fontes tradicionais, com a consequente redução das emissões poluentes e dos impactos ambientais, rumo à sustentabilidade das actividades humanas.Outro exemplo é o boicote das iniciativas que agridem o ambiente. Se deixássemos de comprar estas casas, certamente que deixaria de haver interesse em construí-las. E o leque de aplicação deste princípio é vasto.
É certo que não nos compete a nós, individualmente, mudar o mundo. Mas podemos deixá-lo um pouco melhor do que o que encontramos, com atitudes concretas: por exemplo, instalar painéis solares lá em casa, ou aero-turbinas mínimas, que até permitem introduzir o excesso não-consumido na rede eléctrica nacional e receber por watt transferido …Graças à biomassa (aproveitamento de restos animais e vegetais para gerar energia), há quintas que são energeticamente auto-suficientes. Etc., etc., etc.
Como B.P. já nos ensinava na altura, vivemos em fino equilíbrio com a Natureza. Nós, os restantes animais, as plantas, os rios, toda a vida e paisagem na Terra formamos um só elemento, o Ecossistema Terra. Cabe-nos a nós não estragar a nossa própria casa comum.


Alguns comentários...
“Todos, sem excepção, afirmam que é urgente proteger o ambiente, alterando muitas práticas … mas porque não dar o passo seguinte e mudar alguma coisa de facto? Pode começar com coisas tão simples e perfeitamente ao nosso alcance, como acordar um pouco mais cedo que o habitual e ir a pé para o trabalho … para não falar das deslocações de automóvel inúteis que fazemos tantas vezes! Protegemos o ambiente, evitamos stresses e ainda cuidamos da nossa saúde!” Teresa Lino
“Por vezes, as pessoas até tem vontade de fazer alguma coisa, mas tornam-lhes a tarefa muito difícil. Como no meu caso, que tenho os ecopontos muito longe de casa, e torna-se muito pouco prático separar o lixo … se resolvessem estas situações mais pessoas poderiam contribuir para melhorar o ambiente” Cati
“O petróleo também tem muitas vantagens – aliás, é por isso que é utilizado em quase tudo. Não se pode diabolizar tudo o que é ‘energia tradicional’ e endeusar tudo o que é ‘verde’, como muitas vezes fazem os ambientalistas” Filipe
“É preciso ter cuidado com muitos ambientalistas pouco sérios que não raras vezes estão envolvidos numa lógica anti-económica e mesmo anti-social. E também com exemplos de parques eólicos que invadem zonas protegidas e desfiguram a paisagem, criando exactamente o mesmo tipo de pressões de negócio que as ‘energias sujas’ mas que ninguém quer tratar como tal” Pedro
“Consumimos e desperdiçamos tanta coisa de que não necessitamos verdadeiramente … um exemplo simples é a quantidade de sacos de plástico que trazemos do supermercado: se cada pessoa usasse apenas um saco, ou até o trouxesse de casa, a poupança seria brutal. E é impressionante a quantidade de pequenas coisas que podemos fazer e que, afinal, fazem toda a diferença” Bruno
“A força das ondas não serve só para destruir, mas também para iluminar e aquecer as nossas casas. Assim também tudo – incluindo nós próprios e os nossos talentos; tudo pode ser aproveitado em nosso benefício e sem prejudicar a Natureza” Tomé
“A protecção do ambiente tem de se fazer com mais medidas concretas e menos colóquios. Se pretendem que as pessoas comprem carros híbridos, dêem-lhes o incentivo – criem-se tarifas sobre o carbono e/ou deduções fiscais sobre os veículos limpos. Querem menos automóveis nas cidades? Criem um sistema de transportes públicos eficiente, barato, complementar entre si e de acesso universal – coisa que não acontece, por exemplo, no percurso Póvoa-Porto, com um metro lento e um péssimo serviço de autocarros” Pedro
“Renovar não faz parte do futuro mas sim do presente. Por isso devemos começar já!” Cati
“Dar o exemplo, ser diferente e liderar a mudança – temas abordados no último Bivaque de Guias do Agrupamento – também passa por aqui” Samuel
“Tal como, em termos ambientais, os pequenos desequilíbrios se juntam aos grandes e degradam a situação, também as boas práticas individuais, se imitadas, transformam-se em grandes soluções para os problemas” Samuel

“Um pequeno esforço hoje faz uma grande diferença amanhã!” Excerto de um conhecido anúncio televisivo»

Clã 2 de S. Domingos

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