É, sem dúvida, um excelente recurso para todos os escuteiros (e não só). Falo do novo site de recursos escutistas, o Inkwebane. Um local onde se agrupou várias fontes numa só criando uma espécie de biblioteca online. Um local que se espera que seja de actualização constatnte e de enriquecimento permanente. Sem dúvida um local a visitar.
Marcadores: ferramentas
"O Pata-Tenra queixa-se da 'vida dura do acampamento', mas o Escuteiro que conhece as regras do jogo bem sabe que a vida em campo está longe de ser dura."
Marcadores: método escutista, mística e simbologia
UM dia de 150 anos!
"Para mim, soaram já as dez horas da noite da vida. Não tardará chega a hora de recolher. Para vós são as onze da manhã - quase meio-dia; ainda tendes diante de vós a maior parte da jornada. Quanto a mim, o dia da vida foi magnífico, com as suas núvens e aguaceiros, é certo - mas não lhe faltou também o sol esplendoroso.
Quanto a ti, que vais fazer do teu dia? Também pode ser tão feliz como o meu se quiseres. Mas não, se o passares na ociosidade, à espera de que te apareça a sorte, ou se passares parte dele a dormir.
Acorda! Põe mãos à obra! Tens apenas esse dia de vida a viver. Por isso, aproveita ao máximo cada um dos minutos que ele contém."
Lord Baden Powell
Marcadores: actividades, blog
O futuro destes 50 anos, para uns 75, 100, 150, 300... depende de todos nós que um dia já fomos futuro nos dias passados. Depende dos que nos seguirão as pisadas que queremos deixar bem vincadas no chão. Mas, acima de tudo, depende do querer interior e exterior de trepar mais um pouco pelos caminhos do sonho, pelos caminhos que na vida, definem os traços do que somos realmente.
Está na hora de acordar.
É uma nova alvorada.
Fez-se dia!
[em comentário a Imaginários II]
Se há tema que eu não me canso de falar e explorar é este dos Imaginários. Acho que a maioria das pessoas ainda não percebeu a verdadeira importância do recurso aos imaginários no âmbito do Projecto Escutista e não só.
Os imaginários não servem apenas para motivar, colorir, interiorizar as actividades dos escuteiros. Elas têm um poder que ultrapassa muito para lá esta função lúdica de enriquecimento da vivência escutista. Através dos imaginários podemos ir ao encontro do que se nos está oculto em muito do que nos rodeia, fazemos e aprendemos. Não se trata de uma viagem ao ocultismo das coisas mas sim à visibilidade clara e iluminada que não conseguimos ver, muitas vezes por ser tão evidente que nos ultrapassa. É uma forma de conhecimento e, por isso, de crescimento e que desce, ou melhor, nos faz descer à humildade de recriarmos o nosso mundo e as nossas realidades.
Entrar num espírito de um imaginário é ousar procurar para além da vida palpável é arriscar descobrir que afinal a nossa imaginação não é um mundo virtual e ficcionado mas é uma pista para nos transportar os nossos sonhos ou - para ser mais terra-à-terra - os nossos objectivos mais elevados, as metas que num dia ou num momento, aspirámos alcançar.
Obviamente, fica muito desses mundos imaginários na nossa vida e assumi-los como uma parte de nós é também sinal da transformação que se deu em nós por eles.
Não realizarei mais nenhum estrumpfamento, com aquelas estrumpfividades estrumpfetaculares mas reside a estrumpfrança de que estrunpfaremos juntos em muitos outros igualmente estrumpfnesquecíveis. :)
Quando falamos de uma marca, aqui a associação a uma imagem é, deve ser e tem de ser imediata, inequívoca e reveladora da sua própria identidade. O sucesso da marca está não só no que ela tem para oferecer, mas também na forma como o faz, como passa a mensagem daquilo que ela própria congrega.
No caso do CNE, esta marca, que é o escutismo, muito mais do que uma Flor de Lis ou um lenço, é um conjunto de valores que estão e devem estar enraizadas em cada escuteiro e em cada uma das suas actividades.
Esta imagem de marca, estando directamente associada aos valores - não sendo, por isso, meras características - é algo de extremamente valioso e que deve ser preservada a todo o custo. Tomando por exemplo o caso da Mercedes com o infortúnio do Classe A no teste do alce - que diga-se ter sido uma gafe de projecto dessa empresa - os custos associados a esta depreciação da imagem quanto à segurança de uma marca de prestígio como o é a Mercedes, foram extremamente elevados. O que não o será então, quando falamos nos custos que esta imagem implica para que estes valores, que são o garante da integridade da formação que damos, se mantenham em conscientemente assumidos por este movimento.
Mas tratar desta imagem, e fazer com que a marca escutismo seja perfeitamente definida e visível pelos tais valores, é exigirmos que haja uma busca da qualidade na nossa face - imagem gráfica, informação das actividades, fardamento/(ou uniformização...)... - mas também mediante a competência de aplicarmos verdadeiramente o método junto dos elementos. Se praticarmos um escutismo verdadeiro, direccionado para o rapaz, mas assente no trabalho de equipa (bando, patrulha...). É neste trunfo do método que residem os valores e que a mais valia de uma formação integral pode estabelecer as linhas metas da Marca escutismo.
No entanto, também há que trabalhar as questões de marketing que podem ser associadas à acção escutista, não só para divulgação das actividades, não só para comunicação, mas também para gestão dos recursos, para dinamizar as comunidades em que estamos integradas.... Isso não passa só por logótipos, por definição de cores, de letras, de cartazes, de folhetos,... mas também pela responsabilidade que cada um tem em ser o rosto visível destes valores, na nossa forma de ser, na coerêcia de pertencermos a um corpo que tem regras algumas, nesta área mais ou menos definidas.
Exemplos disto, é não precisarmos de andar a desenhar flores de lis porque temos modelos para usar no site do CNE, é termos definido como a cor dos exploradores, o verde esmeralda e não o verde alface ou jasmim ou musgo - poderá ser um preciosismo (...se as pessoas soubessem a quantidade de tonalidades de verde esmeralda que existem...) mas tem em vista esta coerência da imagem que damos - ou a usar calças Gant azuis escuras quando temos calças de modelo oficial mais baratas, ou quando usamos o lenço na cabeça quando sabemos que ele é usado ao pescoço unido nas suas pontas com a simbologia própria da anilha... etc.
Ainda dizia no passado fim de semana um dirigente para ilustrar o desnorte do movimento nesta matéria que se fizéssemos uma exposição com as diferentes folhas timbradas que existem dentro do CNE encheríamos certamente várias paredes... É um trabalho que responsabiliza o topo da gestão da nossa associação mas que não desresponsabiliza o contributo que nós podemos dar para harmonizar o quanto possível o que a nós nos diz respeito.
Temos, pois, esta responsabilidade de contribuirmos para que a marca CNE e a sua imagem, seja preservada como o nosso cartão de visita, como a nossa roupagem exterior, como uma visualização imediata que associamos quando ela é invocada e o é nos seus valores. Quando não contribuímos para que esta mensagem seja acolhida com esta qualidade, distinção, excelência, arriscamo-nos a descredibilizar o movimento, a perder apoio e aceitação e condenar a missão honrada da educação num associativismo de segunda categoria.
Muito se tem falado ultimamente sobre educação... Fala-se da educação que temos, fala-se da educação que damos, fala-se do que é educação... Nunca se falou realmente tanto de educação como hoje. E esse é um sinal, quanto a mim, claro de que realmente não temos a educação - em todos os seus aspectos - que desejamos.
Um tema que é relativamente recente nos meios menos académicos, onde eu, humildemente me incluo, é a coeducação. Talvez seja um termo estranho e até com uma personalidade pouco vincada, pois não tiraremos imediatamente o seu verdadeiro sentido e se não, vejamos, e sugiro esse exercício pessoal... O que é coeducação?
Sim?...
Sem ter, definitivamente, a resposta científica do ponto de vista do seu estudo, para esta pergunta, é normalmente conhecida pela educação colectiva de pessoas (não sei se poderemos generalizar a todos os animais...) de géneros diferentes mas que entendo ser estendida de igual forma a qualquer outro factor de diferenciação entre pessoas.
Todos nós acabamos por estar envolvidos, querendo ou não, nesta acção coeducativa mas nem todos terão dela consciência o que acarreta a respectiva consciência (ou a falta dela) de responsabilização perante ela.
A coeducação, pressupõe, por isso, que haja uma aprendizagem colectiva de uns com os outros baseada na diferenciação física, social, psicológica, emotiva,... dos dois géneros - masculino e feminino.
A importância desta perspectiva ao nível da educação, como acto consciente, é extrema pois toda a acção educativa deve contemplar, patrocinar e afectar o crescimento pessoal das pessoas enquanto seres que vivem em relação tendo em conta as todos os factores que estão associados à diferenciação do géneros. Quando falo em diferenciação, não me refiro, como é obvio, apenas às características físicas, mas também e, talvez até, mais importante do ponto de vista educativo, à distinção psicológica e psíquica, emotiva e afectiva, social e estereotipada que existem associadas a cada um dos géneros. Também não penso estarmos perante uma oposição de características como um Yin Yang que se equilibra mas estabelece nesta visão metafórica oriental uma terceira dimensão que está intimamente relacionada com a relação entre elas.
Posso ainda acrescentar que todas estas considerações aos géneros se podem fazer associando outros aspectos das realidades que distinguem as pessoas como sendo o seu desenvolvimento mental, ou o seu desenvolvimento físico (como é o caso da educação especial).
A coeducação será talvez a harmonização das relações que existem entre características pessoais distintas que por coexistirem se complementam.
O porquê de trazer à tôna da água este assunto. Porque é exactamente quando a chuva é intensa como o tem sido estes dias, que o todo se mistura e se agita e se pode realmente revolver as ideias para esta reflexão de extrema importância para aferir as estruturas que sustentam a educação que prestamos enquanto movimento. A pergunta mais importante que podemos fazer é uma extensão da óbvia "É isto que estamos a fazer?" para algo que nasce antes dela que é a de saber se "Temos condições físicas e humanas para responder a uma efectiva coeducação?"
Sim?...
Falo neste sentido abrangente da coeducação - não apenas a de géneros - que transporta para cada educador, a responsabilidade de estar preparado para responder às solicitações de ordem físico, psicológico, emotivo, etc. etc. que cada pessoa, enquanto ser diferenciada exige - muito mais importante do que como indivíduo, como um ser que é colectivo e se relaciona com os outros. Não se põe em causa que este ou aquele educador não tenha uma experiência de vida que lhe permita lidar com a maioria das situações que lhe são apresentadas (muitas vezes se vêem aos papeis...) mas será que é essa a resposta necessária ou suficiente que é esperada? Estaremos realmente a assegurar uma complementaridade na educação que permita que a complementaridade das relações humanas que se estabelecem seja efectivamente atendida?
A má notícia é que, para este assunto estar a ser estudado e tão estudado, é um sinal evidente que existe um buraco (e, talvez, grande) na efectividade desta coeducação nas nossas comunidades, no nosso envolvente, nas nossas unidades (é claro!) que está por preencher. Muito em resultado de não cumprirmos os requisitos de complementaridade que nos são exigidos quanto às equipas de animação (perfeitamente compreensível dada a falta - ou má distribuição e gestão dos recursos humanos).
Não me parece que mesmo numa razão de complementaridade, estejamos 100% capazes de dar resposta a todos apelos que nos são feitos... Eu não sinto que esteja completamente à altura mas também poucos serão os casos que coneço que oe estejam de facto. Faz parte também, um pouco, das nossas próprias limitações. Errado é pensar que é impossível e que de forma nenhuma isso será possível. Todo este processo faz parte de um crescimento mútuo... diria mesmo, uma coeducação geracional. É talvez este, um dos maiores trunfos do método de B.P.
A boa notícia é que dentro da nossa dinâmica formativa de juventude, devemos usar todos os trunfos a que possamos deitar a mão quando nos vemos mais apertados com as situações que enfrentamos. Os pais, os amigos (nossos), a esposa, a avó, o padrinho, o chefe da secção ao lado,... todos eles poderão estar disponíveis para serem as nossas muletas quando realmente os desafios da coeducação nos transportam para fora da barragens do nosso conhecimento.
A coeducação é um verdadeiro desafio à nossa capacidade formativa de jovens. Quem não trepa, certamente que não cai... mas arrisca-se a morrer à fome.
Image: Hobokencs School
Qualquer um de nós, em alguma fase da sua vida, já experimentou um desporto de bola praticado em equipa. Sabemos que em desportos desse género, ainda que o virtuosismo individual possa fazer a diferença, o êxito reside muito no trabalho colectivo e no entendimento entre os elementos que têm um objectivo comum: marcar pontos. E no que respeita às qualidades de um determinado executante, entre as mais apreciadas costumam estar o sentido de posicionamento (para poder receber os passes dos outros) e o de jogar com a cabeça levantada, dominando a bola (quase por instinto) mas estando atento ao que se passa com os companheiros, mantendo uma constante “leitura de jogo”. E passando a bola quando outros estão em melhor posição.
Esta analogia desportiva serve apenas para ilustrar aquilo que às vezes é (ou não é) a nossa relação com outros agentes com quem temos obrigação de interagir quando se trata de cumprir a nossa missão: contribuir para a educação das crianças e dos jovens. E reforço a palavra “contribuir” porque esta é uma tarefa partilhada; com a família, com a Escola, com a Sociedade em geral.
Que me perdoem o desabafo mas às vezes somos mais parecidos com aquele jogador que se tem em grande conta, que não consegue jogar sem fitar continuamente a bola, aquele que faz “caixinha”, pegando na bola, percorrendo o campo em toda a extensão, fintando tudo e todos (às vezes até a ele...) por vezes esquecendo-se mesmo onde está a baliza e qual é o seu objectivo.
Sobre o génio do Método Educativo que usamos e sobre o impacto positivo fabuloso que pode causar nos jovens (quando bem aplicado) estamos conversados. Nós, escuteiros, estamos bem cientes dele; os pais, na generalidade, também têm uma impressão positiva; quando estendemos à restante sociedade a coisa já começa a piorar.
Termos um método genial é bom, é um fantástico ponto de partida, mas não chega. O mundo mudou radicalmente nos últimos 100 anos e estou certo que o nosso fundador ficaria muito zangado connosco se não soubéssemos estar “à frente do tempo”, tal como ele o fez, ao inventar um movimento (não uma organização!) em que os rapazes eram os principais motores e protagonistas. E não esqueçamos que BP o fez após ter “lido” a situação na sociedade à sua volta e chegado à conclusão que era preciso fazer alguma coisa para fazer frente a um contexto social em que muitos jovens levavam uma vida de ociosidade e abandono.
BP “leu” a sociedade e procurou dar uma resposta (adequada ao seu tempo mas ainda assim ousada). E o que fazemos nós agora? Será que tentamos “ler” aquilo que nos vai à volta e procuramos dar resposta na perspectiva de “contribuir para um mundo melhor” (pois não é disto que se trata desde o início?)? Ou limitamo-nos a estar entretidos a fazer aquilo que costumamos fazer (nem sempre o correcto) bloqueados pelo hábito, pela tradição e pelo receio de que o contacto com outros possa “desvirtuar” a nossa acção? Permitam-me que vos diga que só quem não está seguro do valor daquilo que possui tem medo de o abrir aos outros.
A tarefa de ajudar jovens a crescer é demasiado séria e nobre para que não a tratemos com a atenção devida. E para que não entendamos que tem de ser feita em parceria com outros, alguns mais “institucionais”: a família, a escola, o clube desportivo, a associação cultural... Na maior parte dos casos, cada uma destas partes (à excepção talvez da família) preocupa-se com o desenvolvimento de cada jovem mas numa perspectiva muitas vezes mais “sectorial” (o raciocínio, o físico, a sensibilidade...)
No Escutismo, claro, o nosso objectivo não podia ser menos ambicioso do que tentar garantir que esse desenvolvimento se dá em todas as áreas: físico, intelectual, espiritual, emocional, carácter, social. E como sabemos, o Sistema de Progresso não é mais do que uma maneira de medir precisamente os avanços (os progressos...) que cada um vai fazendo nessas diversas áreas. Tal é feito pela “leitura” dos “sinais” que se vão revelando dessa progressão (o ultrapassar de objectivos, de provas).
Mas se o que nos interessa é o desenvolvimento de cada jovem, não vos parece que nos devíamos alegrar pelos (e reconhecer os) progressos que ele vai fazendo na sua vida (independentemente de terem sido conseguidos nas actividades de escuteiros ou não)? No CNE temos alguma tendência para valorizar menos os sucessos conseguidos fora das actividades (como se tudo tivesse de acontecer numa tarde de sábado por semana!..). Noutras associações escutistas (na América do Sul, por exemplo) encoraja-se um contacto estreito entre o Chefe de Grupo, a família, os professores, os treinadores...de modo a que todos os progressos registados pelo jovem nos diversos domínios da sua vida “contem” para o seu reconhecimento nos Escuteiros. Isto é, no reconhecimento do seu crescimento harmonioso, de que queremos ser “guardiões”.
Caros amigos
Deixo-vos duas ideias finais em que acredito:
O Escutismo deve reforçar o seu carácter complementar na educação dos jovens apostando naquilo que são as deficiências ou insuficiências do sistema familiar, social, escolar – falo da educação activa, da cultura dos valores, do desenvolvimento de competências a que a escola raramente dá resposta (o trabalho em equipa, a liderança, as rotinas de intervenção e participação activa...). Tudo isto num diálogo permanente com os diversos agentes.
O Escutismo só ganha quando tem a coragem de “sair do casulo” – ao estar mais atento ao que se passa à sua volta, estará mais habilitado a preparar melhor os jovens para desempenharem na Sociedade o papel activo que faça a diferença; por outro lado, mais facilmente gera parcerias que lhe podem ser úteis na sua acção e prepara terreno para “maximizar” o seu impacto social.
É pois este desafio final que vos deixo: “tiremos os olhos da bola”. Saibamos olhar à nossa volta, reconhecer as ameaças e oportunidades e, mantendo a fidelidade a um método genial, adaptar a nossa acção aos tempos que vivemos e aos outros que temos a obrigação de adivinhar e construir. E só com os Jovens o poderemos fazer.
João Armando Gonçalves
Dirigente do CNE
(texto proferido no fórum "Escutismo... uma opção!", organizado pela Região de Santarém, no dia 27 de Fevereiro de 2005, em Alcanena)
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